domingo, 4 de janeiro de 2015

Penso, logo debato.





 Até bem pouco tempo a visão que eu tinha das coisas era a seguinte: Algumas pessoas tem mais facilidade para ver as coisas que os outros não enxergam. A essas pessoas caberia a tarefa de mostrar tais coisas aos outros, dialogar e debater ideias sobre o assunto em questão, visando um progresso na compreensão do todo por parte da sociedade num geral.

 Acontece que talvez nem todos sejam abertos a ao menos ouvir tais ideias, ou pior ainda: a ter tais diálogos. Já tentei e vi em inúmeros casos outras pessoas tentando argumentar com pessoas que se diziam certas de sua posição, crentes no seu ponto de vista mas não se disponibilizavam ao diálogo. Isso só desqualifica seu ideal e seu posicionamento, demonstrando sua total falta de convicção.Nada está acima de contestação, tudo pode ser julgado, revisto, e em alguns casos melhorado.

 Outro grande pecado comum de se ver é a recusa da opinião alheia. Como se já não fosse feio o bastante se julgar dono da razão, alguns ridicularizam o ponto de vista dos outros, como forma de se afirmarem mais ainda como tal. Não aceitar brincadeiras ou "demonizar" outras ideias também são práticas comuns dos "afilósofos".

 É muito comum que pessoas intolerantes tenham sido ensinadas desde pequenas a aceitar uma única ideia, ou também que aceitem porque a julgam conveniente de alguma forma. Uma das coisas mais difíceis de se fazer é livrar-se de um hábito que temos desde pequenos, porque vira quase parte de nossa identidade (digo isso com a propriedade de um ex-torcedor e ex-religioso). Tão difícil quanto isso é deixar de crer em algo que nos favorece, como por exemplo: algumas pessoas jurando que seus partidos políticos são livres de corrupção ou outras acreditando na vida eterna (verdades ou não, devem ser questionadas). 

 Passa o tempo e notamos que por mais que se argumente e apresente termos incontestáveis aqueles cegados pela conveniência persistem na sua realidade alternativa e te tornam um herege, um difamador incrédulo. Por isso que os grandes pensadores devem ter deixado por escrito seus pontos de vista, para que alcancem os interessados em ler e julgá-los, porque estes pensadores sim, colocam suas ideias à prova sem qualquer tipo de receio.

 Ao contrário do que pensava antes, como citei no início do texto, hoje percebo que existem duas classes principais: os pensantes e o gado. Do gado já falei, ele segue a tropa e é guiado por qualquer um que pense um pouco mais. Sobre os pensantes, há os que farão uso do seu dom para defender o rebanho, aqueles que utilizarão para tentar abatê-lo ou ordenhar até extrair sua última gota de sangue e também os que são dignos demais para fazer qualquer mal, mas por um motivo ou outro preferem ver tudo de longe e procuram nem se envolver.




 Para pensar:
 Suponhamos que uma rês de determinado rebanho conseguisse se soltar e chegasse a um matadouro. Lá veria todas as barbáries cometidas à sua espécie, e horrorizada voltaria correndo para sua casa tendo a certeza que a responsabilidade de avisar os outros seria sua. Após contar com detalhes o que acabou de presenciar espera que o rebanho se rebele ou reaja de alguma forma.

 Seus companheiros dirão que de forma alguma o fazendeiro que os alimenta, protege e cura suas feridas faria algo assim. Riem de sua cara e a ridicularizam. Aquela única rês, se sozinha, não consegue fugir novamente e fica junto com as demais, talvez até se iludindo de que estava errada.

 A única coisa certa é que quando a hora chegar, todos vão ao matadouro. Aí é tarde para voltar atrás. 

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