quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Proibição do MMA na televisão.


         

        


É complicado escrever sobre algo que gostamos sem ser parcial, mas pretendo no mínimo justificar meus argumentos com coerência e confio no bom senso dos leitores para julgá-los.

Com frequência ouve-se pessoas argumentando sobre como o MMA é violento ou que deveria ser proibida sua exibição na tv aberta, como sugere o projeto de lei (PL) 55.344/09 do deputado José Mentor (PT-SP).
Sobre ser violento, começo pelo próprio significado: adj. Que atua com força, ímpeto ou intensidade; forte, impetuoso, intenso. Tendo em vista tal significado seria uma hipocrisia gigantesca declarar o esporte em questão como não violento. É sim violento, muito forte e intenso, mas como as demais modalidades de luta faz parte da história da humanidade e seu significado não pode ser reduzido a apenas isso. O próprio Kung-fu, que serviu de matriz para boa parte dos esportes de combate hoje existentes foi aperfeiçoado e difundido a partir de mosteiros budistas, de uma religião que prega o desenvolvimento do amor e da bondade. Bondade esta que podemos ver na saudação dos atletas ao adversário(que em várias ocasiões é ou torna-se amigo), na preocupação com a integridade do oponente durante ou após as lutas e até mesmo nas diversas instituições de caridade administradas por atletas.
Sobre a proibição da exibição em tv aberta, questionemos a mesma como um todo: Durante um único dia em determinada emissora podemos assistir tiroteios (seja em ficção ou na realidade de algumas de nossas cidades), cenas de sexo e nudismo (muito comuns em novelas), brigas em estádios de futebol que por vezes terminam em morte (seja por parte dos jogadores ou das torcidas), consumo de drogas, discriminação racial ou sexual, violência doméstica e outros tantos exemplos. Será mesmo que um país com tal nível de programação e cultura pode questionar a integridade do MMA? Os críticos dizem que ao verem as lutas, crianças tendem a repetir golpes em brigas com outras. Seguindo tal lógica podemos então afirmar que nossa nação caminha para futuras gerações de viciados intolerantes agressivos assassinos tarados? 
Pois bem, na opinião desse que vos fala quem deve controlar o conteúdo assistido pelas crianças são seus próprios pais, pois hoje em dia a própria internet oferece tudo isso 24hs por dia. 

Já foi dito pelo ex-governador do RS, Tarso Genro (PT-RS) que o MMA é a"impregnação da estética da morte, da violência". Para ele ou outras pessoas que concordem com isso ofereço os fatos: comparem o número de óbitos ao decorrer de um ano relacionados ao MMA com o número no futebol (esporte adorado no Brasil e no mundo). Comparem o comportamento do público nos eventos esportivos. Comparem o número de lesões provenientes de técnicas maliciosas. Se não for o bastante, comparem os casos de uso de drogas e associação com o tráfico por parte dos atletas. Gostaram disso? Creio que não...
Outra comparação feita com frequencia é a de lutadores com gladiadores. Vamos aos fatos mais uma vez: gladiadores eram ESCRAVOS, FORÇADOS a lutarem ATÉ A MORTE em arenas contra inimigos que por vezes estariam em MAIOR NÚMERO ou MELHOR ARMADOS. Lutadores por sua vez, são homens livres praticantes de diversos esportes, que lutam desarmados por sua própria vontade, cientes de qualquer risco que correm, contra adversários também desarmados até um desistir ou ser vencido dentro das regras que visam preservar sua integridade física. (Tá bom ou querem mais?)
Outro ponto que deve ser observado é que normalmente os críticos jamais praticaram qualquer esporte de combate e muitas vezes são até sedentários. Acredito que se tivessem vivido a realidade de um atleta jamais falariam tais abominações sobre nosso esporte. Dentro das academias ou em eventos podemos conhecer diversos lugares, criamos laços de amizade e respeito que durarão para o resto de nossas vidas, aprendemos o autocontrole num nível que muitas das outras pessoas jamais alcançarão, atingimos níveis de saúde e preparo físico invejáveis, combatemos doenças e ansiedade, além de aprendermos a nos defender. Qualquer atleta que leve o esporte a sério também passa a ter uma alimentação regrada e saudável que o traz inúmeros benefícios para sua vida.(Finish him!)

Nas academias qualquer diferença fica por terra. Vemos juntos pobres e ricos, pessoas de diversas etnias, com pouco ou muito estudo, com ou sem deficiências, sem se importarem nada com isso, pois lá dentro só existe a arte (em uma forma bruta, mas ainda assim, arte). 

Entendo que algumas pessoas banalizam o esporte ao não ensinar disciplina em suas academias, existem até pessoas que se intitulam professores sem serem praticantes das modalidades, mas isso são riscos que existem em qualquer esporte e é dever do iniciante pesquisar sobre o histórico de seu mestre e instituição.

Para os que costumam tratar os lutadores por trogloditas, solicito que pesquisem e visitem alguma academia séria, se possível façam um treino e avaliem que tipo de tratamento terão das pessoas neste lugar. Posso afirmar com convicção que serão muito bem recebidos, verão o quanto elas são educadas e mudarão sua opinião.(Flawless Victory!)

Pratico artes marciais há 14 anos, dentre elas Judô, Muay Thai, Jiu-Jitsu, Kickboxing, Karatê, Sanda, Boxe e MMA. Tenho amigos nas artes marciais desde a época que comecei e a cada luta ou academia visitada conheço novos, não lembro a última vez que fiquei doente e recomendo a prática a qualquer um.

À disposição para esclarecimentos.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Penso, logo debato.





 Até bem pouco tempo a visão que eu tinha das coisas era a seguinte: Algumas pessoas tem mais facilidade para ver as coisas que os outros não enxergam. A essas pessoas caberia a tarefa de mostrar tais coisas aos outros, dialogar e debater ideias sobre o assunto em questão, visando um progresso na compreensão do todo por parte da sociedade num geral.

 Acontece que talvez nem todos sejam abertos a ao menos ouvir tais ideias, ou pior ainda: a ter tais diálogos. Já tentei e vi em inúmeros casos outras pessoas tentando argumentar com pessoas que se diziam certas de sua posição, crentes no seu ponto de vista mas não se disponibilizavam ao diálogo. Isso só desqualifica seu ideal e seu posicionamento, demonstrando sua total falta de convicção.Nada está acima de contestação, tudo pode ser julgado, revisto, e em alguns casos melhorado.

 Outro grande pecado comum de se ver é a recusa da opinião alheia. Como se já não fosse feio o bastante se julgar dono da razão, alguns ridicularizam o ponto de vista dos outros, como forma de se afirmarem mais ainda como tal. Não aceitar brincadeiras ou "demonizar" outras ideias também são práticas comuns dos "afilósofos".

 É muito comum que pessoas intolerantes tenham sido ensinadas desde pequenas a aceitar uma única ideia, ou também que aceitem porque a julgam conveniente de alguma forma. Uma das coisas mais difíceis de se fazer é livrar-se de um hábito que temos desde pequenos, porque vira quase parte de nossa identidade (digo isso com a propriedade de um ex-torcedor e ex-religioso). Tão difícil quanto isso é deixar de crer em algo que nos favorece, como por exemplo: algumas pessoas jurando que seus partidos políticos são livres de corrupção ou outras acreditando na vida eterna (verdades ou não, devem ser questionadas). 

 Passa o tempo e notamos que por mais que se argumente e apresente termos incontestáveis aqueles cegados pela conveniência persistem na sua realidade alternativa e te tornam um herege, um difamador incrédulo. Por isso que os grandes pensadores devem ter deixado por escrito seus pontos de vista, para que alcancem os interessados em ler e julgá-los, porque estes pensadores sim, colocam suas ideias à prova sem qualquer tipo de receio.

 Ao contrário do que pensava antes, como citei no início do texto, hoje percebo que existem duas classes principais: os pensantes e o gado. Do gado já falei, ele segue a tropa e é guiado por qualquer um que pense um pouco mais. Sobre os pensantes, há os que farão uso do seu dom para defender o rebanho, aqueles que utilizarão para tentar abatê-lo ou ordenhar até extrair sua última gota de sangue e também os que são dignos demais para fazer qualquer mal, mas por um motivo ou outro preferem ver tudo de longe e procuram nem se envolver.




 Para pensar:
 Suponhamos que uma rês de determinado rebanho conseguisse se soltar e chegasse a um matadouro. Lá veria todas as barbáries cometidas à sua espécie, e horrorizada voltaria correndo para sua casa tendo a certeza que a responsabilidade de avisar os outros seria sua. Após contar com detalhes o que acabou de presenciar espera que o rebanho se rebele ou reaja de alguma forma.

 Seus companheiros dirão que de forma alguma o fazendeiro que os alimenta, protege e cura suas feridas faria algo assim. Riem de sua cara e a ridicularizam. Aquela única rês, se sozinha, não consegue fugir novamente e fica junto com as demais, talvez até se iludindo de que estava errada.

 A única coisa certa é que quando a hora chegar, todos vão ao matadouro. Aí é tarde para voltar atrás.